terça-feira, 25 de maio de 2010

Amor e Raiva

Pensando na vida. Pensando em todos os erros que cometi. Todas as pessoas que deixei para trás, todos os caminhos errados que cruzei, todas as encruzilhadas em que me perdi. Acendo um cigarro. O fumo inebria-me, faz-me lembrar tempos melhores, tempos em que a minha consciência estava mais embotada e não me deixava ver a maldade das pessoas.
Tenho saudades do estado químico de felicidade, da estrada para a perdição que me fazia sentir bem. Quero abraçar a noite de novo, e esquecer tudo o que ficou para trás. Está lua cheia, e naquele astro só consigo ver os teus olhos. Oprimes-me, como uma droga mais forte que a heroína. O meu coração pula só de te ver. Contorce-se de raiva ao ver-te a fugir ao longe, ao ver que sou bom o suficiente para ti, ao ver que me mentes e que te congratulas com o meu sofrimento. Preciso de algo que me faça sorrir.
As verdades são cruéis. O mundo é uma merda, e fica pior ainda quando tu me desprezas. Quando se entende das tuas atitudes que queres tudo menos estar comigo. Eu não existo, não sou ninguém. O meu grito não consegue que tu o ouças. Perde-se no vazio, no vazio dos teus olhos a olhar para mim, no teu ar de enfado. Perde-se ao ver-te a sorrir e a agradecer a quem gostas realmente. Não que tenhas nada a agradecer-me. Sou um parasita, nada que te chegue sequer aos calcanhares.
Frases feitas? Existem muitas, mas não quero que as digas mais. "Não te quis magoar", "Desculpa se te fiz sofrer, nunca o quis". Foda-se, se não me querias magoar não me humilhavas. Se não me querias fazer sofrer, dizias-me a verdade no primeiro dia. Quem me dera que me dissesses "Odeio-te" em vez de um "Sou tua amiga", para depois me mandares abaixo constantemente. Se me revolta? Claro que sim. Devias saber isso.
Sou casmurro e não falo. Tenho uma personalidade depressiva. Não tenho culpa de não ser tão brilhante como os outros. Não tenho culpa de não ser o poço de alegria que achas que eu deva ser. Não tenho culpa de te amar.
Não vou desaparecer do mundo. Vou levar a minha pena até ao fim, não tenho coragem para acabar com tudo. Temo o silêncio sepulcral da eternidade. Tenho medo do que vem depois. Queria ser feliz. Resta-me tentá-lo longe de ti. Esquecer-te de vez, apagar-te da minha memória. Tudo isto não passou de um sonho que se converteu em pesadelo. Se aquilo e aqueles em que acreditava ruíram, se o único sítio onde me sentia seguro foi varrido do mapa, para quê continuar? Para provar algo a alguém? Não me importa. Para te provar que posso ser feliz sem ti? Não o conseguiria, porque é mentira.
Pouso enfim o cigarro. Já não existe chama, nem a nicotina me anima. Este pequeno vício é a minha metáfora. Breves momentos de felicidade logo esmagados por uma mão mais forte. É tudo o que tenho dentro de mim para dizer. O espectáculo continua dentro da minha mente.
"Quando quiseres, estarei sempre aqui para ti. Nem que seja para que me odeies"

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