sábado, 29 de setembro de 2012

Outro Desabafo

"Erros meus, má Fortuna, Amor ardente 
Em minha perdição se conjuraram; 
Os erros e a Fortuna sobejaram, 
Que para mim bastava Amor somente. "
Luís Vaz de Camões



São 6 da manhã. A casa está vazia, lá fora a noite ainda reina e eu não sei porque escrevo estas palavras que pouca gente lerá, e que ainda menos compreenderá.
Este é o desabafo de alguém que se tornou vazio, louco e sem destino. Alguém que já não distingue a realidade, que não sabe para onde vai nem sabe quando vai terminar esta dor.
A verdade é que tentei, de todas as formas, esquecer. Fui a sítios que não queria ir, embrenhei-me mais que nunca na escuridão e não sei se alguma vez encontrarei o caminho de volta. A alma dói-me mais do que alguma vez me doeu ao escrever isto. Sei que me fazes muito mais falta do que eu alguma vez te fiz a ti. Sei que a culpa disto é minha, sei que nada posso fazer para que as coisas voltem a ser como eram. Tremo como um louco, sinto a tua presença ao escrever isto, estás no meu pensamento a todas as horas e a todos os minutos. Sou um idiota, é isso que eu sou. Amei-te desde o primeiro dia em que te vi, mas devia ter percebido, na mesma hora, que eras demasiado, que estavas demasiado distante para eu te poder alcançar.
Como se pode alcançar uma estrela? Como se pode definir algo que é etéreo, que não existe na mesma realidade que nós?
Não sei amar. Nunca soube. Não compreendo sequer o amor. O que me trouxe ele? Desilusões, afastamentos, sofrimento e loucura. Sou demasiado estúpido para amar. Aquilo que outros passam, em mim fica. Não sei deitar as coisas para trás das costas e fingir que está tudo bem, que nem sequer quero saber. Não está tudo bem, foda-se. Não sei sequer o que dizer. Antes, as palavras ficavam enroladas na garganta, agora ficam no teclado. Só contigo podia desabafar... agora nem isso. Mais valia que caísse o mundo. Que desaparecesse tudo. Que acabasse o sofrimento. Que se lixe. Sou poeira e a ela hei-de voltar.

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