terça-feira, 25 de setembro de 2012

Nada


Estou aqui perdido. Sem sítio para onde ir, relembrando conversas que já lá vão. Olha para o dia lá fora e não me apetece enfrentá-lo. Apetece-me simplesmente ficar fechado fora do mundo, sem que ninguém me diga nada, já que a única coisa que me apetece ouvir sei que não ouvirei.
Já não sei exactamente para onde me virar... Aliás, já não sei porra nenhuma. As noites sucedem-se aos dias, os dias sucedem-se às noites, numa interminável aglomeração... de nada.
O silêncio oprime mais que um grito. Acendo um cigarro, outro cigarro, engulo a nicotina apenas para que me inebrie. Não tiro prazer dos cigarros fumados, já não retiro prazer de nada.
Sinto-me cansado. Cansado de tudo. Dói-me mais a alma do que alguma vez me doeu o corpo. Não me apetece lutar contra o desespero, não me apetece sair do buraco. Sinto-me como se me estivesse a afogar e perdi a vontade de nadar.
Já andei movido pela raiva e pelo amor. Ambos sentimentos fortes e que doem, mas que me faziam viver. Agora não tenho nada que me faça mover. A minha vida resume-se a sair de casa, estar com pessoas que não quero estar, cumprir as minhas obrigações sem vontade, olhar para o computador, olhar para o telemóvel à espera de uma chamada ou de uma mensagem que sei que não vai acontecer e ter pesadelos acordados com o que nunca vai ser.
A incerteza que me assola é imensa. Já nem sei quem sou. Não sei onde está a minha alma, deve ter sido roubada. Ou então vendi-a ao diabo e não me lembro. O inferno que se apoderou do meu cérebro queima toda a vontade de fazer o que quer que seja para mudar isto.
E acendo outro cigarro. O fumo é tudo o que me resta. O estado de felicidade química que não me deixa lembrar da merda que se tornou a minha vida.

Sem comentários: