sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Memórias

Não tenho escrito porque a inspiração tem escasseado, mas hoje deu-me na cabeça atirar mais umas postas de pescada. Depois de ter lido num certo blog um post sobre memórias, resolvi revirar o meu baú, para ver se também era invadido por essa sensação de nostalgia. E não é que fui? Encontrei um caderninho verde, com o título "Autógrafos" escarrapachado em dourado na capa. E que autógrafos é que eu fui recolhendo ao longo dos anos? Nada de cantores, de desportistas ou de todos aqueles que vivem os nossos sonhos e nos fazem gritar e cometer loucuras (sim, meninas, eu percebo as vossas paixões assolapadas pelos Brad Pitts desta vida). O que fui recolhendo foram pequenas dedicatórias de amigos e amigas, muitos deles desaparecidos nas brumas do tempo e da memória, pessoas com quem não falei mais, que provavelmente já não se lembram nem do meu nome, quanto mais da minha cara.
No entanto, encontrei dois ou três pequenos textos de pessoas que ainda hoje se dão comigo, de uma forma ou de outra. São maioritariamente frases feitas, sem sumo nem lições de vida, mas que despoletam memórias de tempos mais fáceis, embora pouco felizes na sua maioria. Recordei-me de muitas palavras ditas à socapa nas aulas, de muitas conversas mais ou menos sérias que tinha com a colega da mesa de trás, dos cigarros que fumava às escondidas, da visita à Quinta da Regaleira, dos poemas escritos a meio do dia, quando era melhor estar com atenção às aulas, das fugas para o café e das baldas constantes (especialmente a Educação Física - nunca fui gajo de me querer cansar muito), das lágrimas pelos amores não correspondidos (o que é que eu hei-de fazer, sempre fui um romântico)... Lembrei-me de tudo isso e deu-me um aperto na garganta, porque apesar de tudo tenho saudades. Foram esses tempos que moldaram quem sou hoje, para o melhor e para o pior. Foram esses tempos que me tornaram mais forte, embora mais amargo. Queria que tudo voltasse para trás, para poder refazer algumas coisas - e não chegar a fazer outras. Sorrio agora. Mas como está escrito nesse pequeno caderninho já muito destruído, "um sorriso esconde mil histórias. Tu sabes bem como isso é verdade".

2 comentários:

asminhasquixotadas disse...

Como eu te compreendo...

Jaime C. Alexandre disse...

E sabes quem é que escreveu aquela frase que está ali no fim? Adivinha.