O mar está ali tão perto, o abismo apetecível para acabar com tudo. Sei que não se atirará, tem muito para viver, mais do eu alguma vez terei. A sua morte será interna, uma morte na alma. Crucificada por viver de mais, amar de mais, entregar-se de mais.
As velas alumiam o caminho, o senhor das trevas chama-a, tal como me chama a mim. Ser espiritual, negro e irracional. Vejo a besta erguer-se, as suas sete cabeças vejo erguerem-se. Já não tenho medo. Agora que sei que o Apocalipse, o fim de tudo, não acabará com nada. O meu Livro das Revelações sou eu que o escrevo. Eu saberei quando não dá mais, quando não aguentar mais. E ela será chamada a julgar-me. O meu coração e a minha alma estão nas suas mãos e sujeito-me ao seu tribunal. Para sempre. Amo o Demónio. E odeio-o, por poder ser um anjo.
Sem comentários:
Enviar um comentário